Cresce a população de escorpiões nas cidades
e os acidentes aumentam geometricamente

A invasão dos escorpiões

A população de escorpiões vem crescendo desordenadamente no meio urbano e a incidência de acidente com este aracnídeo tem se intensificando principalmente nas duas últimas décadas. O escorpião amarelo é a espécie que oferece maior risco á saúde das pessoas, podendo ser letal se não houver a assistência médica adequada. A situação tornou-se um problema de saúde pública.

Escorpião um animal pré-histórico

Existem cerca de 2000 espécies conhecidas desta praga no mundo, que reagem de diversas formas tanto à peçonha de indivíduos da mesma espécie quanto às de espécies diferentes. Os escorpiões são animais pré-históricos, cujos fósseis mais antigos datam de 420 milhões de anos - 200 milhões de anos antes do surgimento dos dinossauros! Cerca de 100 espécies podem ser encontradas no Brasil, sendo que o Tityus serrulatus, escorpião amarelo, é o que causa os acidentes humanos mais graves.

Principais espécies de escorpiões encontrados no Brasil

Os escorpiões podem viver tanto em lugares desertos quanto nas matas. Vivem também debaixo de pedras, tijolos, telhas e nas fendas das árvores. Acumular entulhos de obras e lixo em quintais e terrenos baldios onde se propagam insetos constituem um ótimo ambiente para os escorpiões que encontram uma dieta constituída de: aranhas, baratas, grilos e moscas. Quando não encontra alimento, os escorpiões praticam o canibalismo, isto é, devoram uns aos outros. As principais espécies de escorpiões encontrados no Brasil são: Tityus serrulatus - Escorpião Amarelo, Tityus bahiensis - Escorpião Marrom, Tityus stigmurus - Escorpião do Nordeste, Tityus obscurus - Escorpião Preto da Amazônia.

Morfologia dos escorpiões

O corpo dos escorpiões é separado em duas regiões: o prosoma (cefalotórax) e o opistosoma (abdome). O prosoma é coberto dorsalmente por uma carapaça. Parcialmente abaixo dessa carapaça, posiciona-se um par de quelícera responsável por rasgar e dilacerar a presa. Acima da carapaça existem 5 pares de olhos. O primeiro par, grande e primitivo, possui capacidade de percepção da presença ou ausência da luz. Os demais pares provavelmente regulam o relógio biológico do animal. Além disso, na região do prosoma há 4 pares de patas e um par de pedipalpos.

Tityus Serrulatus - ESCORPIÃO AMARELO

A reprodução da espécie Tityus serrulatus - escorpião amarelo é assexuada – Partenogênese, na qual cada mãe tem aproximadamente dois partos em média, com 20 filhotes cada, por ano, chegando a 160 filhotes durante a vida. O escorpião inocula o veneno por meio de seu aguilhão da cauda. O veneno é neurotóxico e sua ação é muito rápida e forte. A dor é intensa se irradiando por todo o corpo da vítima. Agindo especialmente sobre o sistema nervoso, provocando arritmias, oscilação drástica da pressão, acúmulo de fluidos nos pulmões e confusão mental. Pode causar a morte por asfixia, pois os comandos que controlam a respiração ficam bloqueados. O seu tratamento deve ser imediato para evitar evolução do quadro. O soro anti-escorpiônico é o único medicamento eficaz contra as ferroadas dos escorpiões. O risco de morte é relativamente pequeno, entorno de 0,07%. A população de escorpiões cresce de forma geométrica e o número de acidentes no país tem chamado atenção da saúde pública, com inúmeras campanhas para prevenção e controle.

Como identificar o ESCORPIÃO AMARELO

O escorpião amarelo mede cerca de 7 cm de comprimento. Possui as pernas e a cauda em tom amarelo mais claro e o tronco mais escuro. A denominação da espécie é devida à presença de uma serrilha nos 3° e 4° anéis da cauda. Esta espécie de um escorpião é típica da região Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste do Brasil.

Controle de infestação de escorpiões

O controle Pleno requer o Manejo Integrado da área infestada e de entorno. O manejo deve ser contínuo e o envolvimento das pessoas quanto ao monitoramento ambiental é essencial, para evitar condições favoráveis para o desenvolvimento da praga. A utilização produtos desalojantes podem oferecer ainda maiores riscos de acidentes, desta forma a definição do princípio ativo para aplicação demanda decisões técnicas. Atualmente existem armadilhas específicas para captura destes indivíduos. Estabelecer uma solução eficaz para controle de escorpiões é o grande desafio.

Os escorpiões cometem suicídio?

Os escorpiões são extremamente resistentes. Seria necessária uma quantidade equivalente a várias picadas para levá-los à morte. A resistência do escorpião ao seu próprio veneno é fruto da hemolinfa, um líquido que tem a mesma função do sangue nos invertebrados. Esta substância consegue neutralizar as toxinas do veneno. Assim, esclarece o mito, a história de que os escorpiões se suicidam quando estão acuados e correndo risco de vida, já que a quantidade que poderiam injetar em si mesmos teria efeito praticamente nulo sobre seu organismo.

Fonte: Rubens Rugeri é Engenheiro Industrial - área Química, com especialização em Engenharia de Segurança do trabalho e Engenharia Ambiental, com larga experiência profissional em controle de pragas.